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Foto do escritorReneu Zonatto

O Castelo de Otranto - 1764 -


Estilo Gótico na Literatura


O estilo literário gótico reproduz no século XVIII elementos da cultura gótica do povo de origem germânica (Godos) que, na antiguidade e idade média, habitou a região do Oceano Báltico até o Mar Negro e Mediterrâneo, Itália, Gália (região da França) e península Ibérica (Hispânia). Os Godos se dividiram em Visigodos e Ostrogodos: os primeiros (visigodos), estabelecendo-se nas regiões da Gália e Hispânia; e os Ostrogodos na Panónia (região da Áustria e parte dos países adjacentes).

A tradição gótica sempre foi vista pelos Romanos e pelos países que passaram a adotar a religião cristã como uma cultura sombria e pagã, apesar destes povos buscarem integração social e cultural nos países em que se estabeleciam.

No Século VI, os Ostrogodos foram derrotados pelo Império Romano do Oriente (Bizantinos) e no Século VIII, a monarquia visigoda foi destruída pela invasão muçulmana procedente do norte de África, que substituiria o Reino Visigótico pela hegemonia Al-andalus.

Assim, mesmo extinto o domínio gótico no século VIII, características da tradição gótica projetam-se até o renascimento, confrontando com os ideais renascentistas centrados no uso da razão e das evidências empíricas, uma vez que os povos góticos eram considerados bárbaros e pagãos, regidos por crenças sobrenaturais.

Os pilares da tradição gótica, que podem ser facilmente apreendidos nas narrativas literárias do gênero, assentam-se em uma estrutura verticalizada que valoriza o legado ancestral e os vínculos familiares-comunitários (dos clãs ou tribos), sobre estas bases trabalhando questões metafísicas ou sobrenaturais. Por isso, destaca-se na literatura o simbolismo dos lares ancestrais, por meio da ambientação em castelos, bem como as tramas e os dramas familiares, inclusive remetendo à personificação de fantasmas de antepassados, a maldições com origem em segredos do passado e ao desrespeito às linhagens sucessórias que se mantêm no poder das respectivas casas. Assim, tem lugar igualmente a temática da morte e todo seu conteúdo existencial, representado pelas criptas, tumbas e cemitérios. Trabalha-se igualmente a questão da metafísica e de um fundamento último e transcendente, representados no sobrenatural, na religião, seus templos e sacerdotes.

Todas estas características formam figurativamente o pilar da tradição gótica que se manifesta na literatura do gênero, de forma vertical, desde o aspecto desconhecido e existencial da morte, ascendendo aos elementos do mundo material (família e propriedades) até a transcendência metafísica (religião e sobrenatural).

Consideramos que o movimento gótico na literatura procura destacar os efeitos nocivos da ausência de fundamento e da insuficiência do pensamento racional no período que se estendeu a partir do iluminismo.

A primeira obra literária do gênero é considerada “O Castelo de Otranto” de Horace Walpole, datada de 1764, narrando a trama que comprometeu a sucessão de uma linhagem familiar ao Castelo de Otranto, possivelmente no período da baixa idade média. Inicialmente, Horace Walpole, aristocrata inglês, prefaciou a obra dizendo-se tradutor de um manuscrito antigo. Posteriormente e diante da boa receptividade da comunidade literária da época, assumiu a autoria da história.

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