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Foto do escritorReneu Zonatto

POE E OS CONTRASTES DA ÁRVORE DA VIDA


A obra de Edgar Allan Poe reflete os contrastes presentes na vida do autor, poeta, editor e crítico literário. Abandonado pelo pai e órfão de mãe, vivenciou experiências conturbadas em seu lar adotivo. Estes fatores influenciaram sua juventude de excessos e a opção pela difícil carreira literária. Faleceu poucos anos após o sucesso do poema “O Corvo”, escrito em 1845.


A oscilação entre opostos na aprofundada exploração psicológica dos personagens destacava-se na obra de Poe. O autor tinha especial habilidade para retratar a transposição da tênue fronteira que conduz à obscuridade da mente humana. Sua narrativa conduz à dualidade presente nos ensinamentos da Cabala. A alteridade entre opostos e a busca pelo equilíbrio estão simbolicamente representados na Árvore da Vida. Sob a forma de um diagrama, conta com dez signos a expressar as manifestações da Consciência Superior (ou Deus) à medida que sua forma etérea se densifica em matéria, assumindo os atributos correspondentes. São as Sefirots, dispostas verticalmente em dois pilares no diagrama. O pilar da direita refletindo a benevolência e o da esquerda a severidade e o rigor. Não se considera aqui a valoração entre bem e mal, bom e ruim. Este tipo de polarização é subjetivo e próprio da humanidade. Trata-se sim de buscar o equilíbrio, simbolizado pelo pilar central da Árvore da Vida.

A 5ª.Sefirat do diagrama situa-se à esquerda, e é regida pela energia ou Espírito de Samael, considerado arcanjo para alguns e demônio para outros. Como visto, determinadas formas de polarização são subjetivas a depender das divergências e perseguições religiosas.

De qualquer forma, levando-se em conta o poder das palavras para a Cabala, o nome Samael designa a justiça divina, que pode ser ora providência necessária, ora castigo ou punição, refletindo o “veneno de Deus”. Isso lembrando que, em termos de alquimia, dependendo da proporção com que utilizada, a mesma substância serve de veneno a remédio, sendo potencialmente instrumento de cura e de destruição. A depender do discernimento e do confronto travado no Ego, Samael pode traduzir-se na força vital depurada do Id , fornecendo a energia necessária à realização pessoal. Mas, quando em desarmonia, rompe a fronteira da irracionalidade, loucura e violência, que Poe soube explorar com maestria.

A batalha travada no próprio Ego é também alegoria do Bhagavad Gita, episódio do poema épico hinduísta Mahabharata, sob a representação do guerreiro Arjuna, orientado por Krishna, um dos avatares da divindade Vishnu. No livro Escritos Profanos, Samael expressa a dualidade e a alteridade entre opostos presente no Ego, por vezes “demônio”, por vezes força vital: tudo é uma questão de autoconhecimento e de equilíbrio.

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